sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

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UM POUQUINHO DE MINHA HISTORIA

Minhas memórias: Um resgate a história de vida e a construção da identidade enquanto educadora


Milka Dias de Sousa Azevedo graduada em Pedagogia - Ciências da Educação pela Unama (Universidade da Amazônia)
Professor orientador: Profª. Ms Raimunda Mendes.
Resumo

O Presente artigo apresenta alguns relatos de minha história de vida e trajetória acadêmica, com o objetivo de buscar a reflexão e/ ou valorização de sujeitos que iguais a mim fazem a História; É nessa trajetória que venho reconstituindo minha vida no processo de formação docente e através das experiências constituir um sentimento de identidade, a construção de nossa história é feita por meio de vários aspectos entre os quais destaco, as relações estabelecidas com as memórias resgatadas, através do processo de interação entre saberes constituídos pelos sujeitos que fazem parte dessa história, além de saberes adquiridos no processo de formação acadêmica,onde esses saberes vêem me proporcionando um olhar holístico , ético, interventor e intencional diante da realidade educativa.Dentro dessa perspectiva o objetivo é também pessoal,é querer além de tudo construir um caminho, entendendo a complexidade da tarefa do educador.A trajetória docente não pode ser efetivada como uma tecnologia e sim como uma reflexão sistemática sobre a técnica particular que é a educação.Para conquistar os saberes necessários a prática docente, exige de nós uma aproximação da realidade,pois a educação é um processo permanente de grandes aprendizagens e conquistas, essas são adquiridas ao longo de nossa vidas, pelas observações das histórias de vida, pelas relações estabelecidas em sala de aula,leituras, participação da vida em sociedade, além dos princípios teóricos fundamentais, a nossa prática,os quais adquirimos na universidade, que nos fazem refletir sobre a própria prática e teorias em questão, as relações estabelecidas no estágio de ensino nos trazem a reflexão sobre a realidade, é uma soma de vivências integrada aos conhecimentos já adquiridos, que contribuem para amplitude de novos horizontes de futuros profissionais.


Palavras-chaves: Vida, saberes, experiências.

Introdução
Quero iniciar esses escritos relatando alguns pontos que marcaram minha história, nos quais retirei minhas lições de vida, muitas experiências e também muito aprendizado.
No dia 22.07.1983 nascia em Tucuruí-Pará, eu, Milka, filha de Cícero Leite de Azevedo e Maria da Guia Dias de Sousa; meu pai nessa época exercia a função de topógrafo na ELETRONORTE trabalhando na UHE-Usina Hidrelétrica de Tucuruí, ele nordestino, nasceu em São Francisco - do -Piauí, viveu 12 anos no Rio de Janeiro. Minha mãe, também nordestina nascida na mesma cidade que meu pai, desde os sete anos de idade morou em casa de família com o objetivo de estudar, pois sua família de origem não possuía condições financeiras, mesmo com tantas dificuldades concluiu o Ensino Médio (Magistério) e começou exercer a função como professora aos dezoito anos, em sua cidade, exercendo sua função durante 10 anos.
Logo que se casaram vieram para o Estado do Pará, e no ano de 1979 já estavam morando em Tucuruí, ao chegar nesta cidade ela conseguiu exercer sua função como professora e depois foi promovida ao cargo de direção escolar, sendo a 1ª diretora da Escola Fernando Guilhon no bairro da Terra Prometida em Tucuruí-Pa, trabalhou na área de educação durante 18 anos, teve que interromper suas atividades por apresentar problemas de saúde.

Os dilemas apresentados levaram meu pai tomar uma decisão; irmos morar na zona rural, assim teve que pedir demissão de seu cargo, passando aos objetivos de ser lavrador, esse rumo mudaria para sempre o destino de uma professora, e colocava abaixo o seu maior objetivo, o de cursar uma faculdade e envolver-se na educação.
No ano de 1987 iniciávamos nossos primeiros passos em direção ao Pitinga – Vicinal C-12 Goianésia-do-PA, nessa época na região não havia estradas, caminhávamos em picadas no meio da mata, o meio de transporte era ‘’pau - de-arara’’ que levavam as pessoas somente até a entrada do loteamento, essa localidade foi loteada pelo INCRA e doada em lotes para quem quisesse povoar a área, meu pai foi um dos beneficiados e por sinal se sentia muito empolgado com aquela nova vida, enquanto minha mãe não se conformava com tudo que lhes acontecia.
Sendo a filha mais velha de duas do casal, estava com 4 anos de idade, mas lembro-me perfeitamente que apesar de todas as circunstâncias ocorridas meus pais encararam aquele novo desafio com muita garra e responsabilidade, e sempre que podiam estavam nos explicando sobre as dificuldades da vida e que o estudo era a melhor riqueza que os pais poderiam dar aos seus filhos, pois tiveram os melhores momentos de suas vidas quando os usufruíam pelo que estudaram, e foi justamente dessas lutas, experiências e sofrimentos que passei junto aos meus pais que pude desde muito cedo assumir o compromisso de fazer com que o meu sofrimento se transformasse em alegria, tanto dos meus pais, e procurando fazer o máximo pelos meus semelhantes, e em especial por aqueles que iguais a mim perderam algo de muita importância em sua vida, como:a oportunidade de estudar em boas escolas, brincar....Pois diante de minha corrida vida não tive tanto tempo para brincar, mas procurei fazer dos estudos um tempo precioso.
Meus primeiros passos estudantis
Os fatos e experiências adquiridas desde a infância, somente na formação universitária é que pude atrelar a teoria e a prática: experimentando, aprendendo e compreendendo cada vez mais os acontecimentos de minha infância e das infâncias as quais faço parte atualmente.
De acordo com Vigostsky, o desenvolvimento humano depende das relações entre as pessoas. Assim o desenvolvimento do aluno como um todo depende das relações que se estabelece em sala de aula, quanto em outras instâncias sociais.
Os princípios educativos que recebi dos meus pais, trouxeram-me o desejo de seguir os passos iniciados por minha mãe, fruto de suas experiência aos 5 anos de idade aprendi a ler sozinha, porém devido muitas dificuldades tive que assumir responsabilidades de adulto, trabalhar na roça com meu pai e minha irmã, e tínhamos que cuidar de nossa mãe que adoeceu de problemas mentais, diante de muitas dificuldades financeiras, e por ainda não haver escolas na localidade, não fui para a escola na idade prevista pelos meus pais, e somente aos 11 anos de idade consegui ir a escola. 1ª série do Ensino Fundamental, na Escola O Bom Samaritano, escola distante, trajeto feito a pés, no 1º dia de aula coloquei o caderno e as chinelas em uma sacola, e lá fui eu, muito feliz, pois ali, se iniciava a realização de um grande sonho, queria poder somar as experiências com os conhecimentos da sala de aula, nesse sentido acho muito interessante os escritos de Adriano Salmar autor que li na Disciplina de Estágio Supervisionado de Ensino II, onde ele fala sobre:

A procedência do saber do educador e a procedência do saber do educando, é essa relação que é estabelecida em sala de aula e que proporciona diferentes ‘’saberes’’ que caminharam juntos, mas não juntados, para encontrar um denominador comum... Como lidar com o embornal de experiências de cada um?(pág. 51)

E foi na busca de conquistar os saberes oriundos da escola desenvolvidos na sala de aula, que sem perder tempo ampliei interesses pelo conhecimento, mesmo em uma vida estudantil muito árdua, como por exemplo: meus horários de estudos em casa eram pela madrugada, usando a ‘’lamparina’’ e também nos horários em que muito cansada era necessária uma pausa do serviço na roça, o suor escorria pelo papel, e à tarde já não existia mais letras nem papel, estava desmanchado; durante o dia era só assim que estudava, logo ao entardecer tinha que ir caçar e pescar, pois era preciso garantir o alimento do dia seguinte. E assim ia continuando a trajetória estudantil.
Minhas primeiras conquistas
Quando eu estava cursando a 1ª série do Ensino Médio pelo (Sistema Modular de Ensino) na Vila Janarí aos dezoito anos de idade, conheci meu esposo, nos encontramos em uma de minhas difíceis lidas como vaqueira, ele, também trabalhador rural; depois de 9 meses de namoro nos casamos e a parti daí caminhamos juntos para Escola, ele estava sem estudar a muito tempo ficou animado em ver minha felicidade em estudar e resolveu continuar seus estudos, trabalhávamos na roça durante o dia e a noite íamos de bicicleta e utilizando uma lanterna conseguíamos chegar até a escola, nessa época na localidade ainda não havia energia elétrica, a escola funcionava com a luz de um’’ motor a diesel’’; frente as correrias do trabalho, não tínhamos tempo de jantar e ficávamos com fome até a volta. Mas toda nossa luta sempre foi recheada de esperanças, que hoje depois de ter lido Paulo Freire onde ele fala sobre a convicção de que a mudança é possível, sobre a alegria e a esperança de ensinar, após ter feito essa leitura maravilhosa do referido autor vejo que, a esperança e a convicção de mudança contagiaram-me muito cedo, principalmente nos aspectos educacionais.
Foi nessa esperança que juntos assumimos um compromisso e somaríamos forças a mais em relação aos estudos para realização do meu grande sonho; viver dignamente, ajudar a família e também compartilhar saberes e reforçar objetivos com aqueles que acreditam na mudança por meio da educação, foi por essa razão que sempre me dediquei de coração aos estudos e a escola, e sem medir esforços me envolvia nas atividades da Escola de minha região, mesmo com o tempo pequeno, participava de reuniões do PIRTUC – Eletronorte, representando o conselho escolar, onde o objetivo era discutir melhorias para nossa região.
Cada minuto de participação e envolvimento com minha comunidade eram muito importante para mim, descanso nem pensar! Pois ao chegar o final de semana ia à luta, trabalhei como voluntária por dois anos na Associação dos Agricultores de Itaiguara Pitinga-Breu Branco-Pa, eu sentia que tudo aquilo era muito privilégio, contato com muita gente, livros, documentos, experiências novas, é isso, trabalhar com seres humanos, é meu “fraco”, conversava com pessoas de todo tipo, desde as mais humildes até os grandes fazendeiros. Esses anos foram fazendo a construção de minha vida, foi toda a construção do meu ser, do meu pensar e agir.
Pessoas importantes, queridas e inesquecíveis. Muitos trabalhos escolares ficaram sobre minha responsabilidade, a média escolar de muitos alunos dependeriam dos meus esforços, tudo isso. Seria um sinal?
Muitos amigos passaram nessa época por minha vida, e tudo foi um aprendizado, mas o tempo, aquele que não se vê passar, aquele que não envelhece, correu, voou e por minha vida passou.
Quantas coisas poderiam ser contadas desses anos que antecederam meu ingresso na universidade e que marcaram para sempre minha vida, ajudando hoje na minha formação. Em cada detalhe eu vejo a oportunidade de aprender, de conquistar as pessoas, adquirir mais experiências, e tudo isso tem me moldado como pessoa e enquanto construção de conhecimentos para minha vida profissional, embora que ainda não sei muita coisa, como escreveu ¹Paulo Freire:
Como professor crítico sou um aventureiro responsável predisposto a mudança, a aceitação do diferente.

¹FREIRE, Paulo.Pedagogia da autonomia:saberes necessários a prática educativa.SP:Paz e Terra 1996.

Como aventureira, e em busca de mais um passo de meus objetivos, que no final de 2004, fiz a prova do ENEM e graças a Deus alcancei bons resultados, conseguindo uma bolsa integral na Unama, partindo daí começava mais um dos grandes desafios a ser enfrentado; ter que deixar para traz, esposo, mãe, pai e a única irmã, e ir morar em uma cidade onde não conhecia nem por fotografias, não conhecia ninguém, não tinha onde morar, nem condições financeiras suficientes para manter-me nessa cidade, “Belém- Pará”.
Agora a aluna que trabalhava na roça, como lavradora, pescadora, e também dedicada estudante, tomaria para si uma missão, lutar como meus pais lutaram fora de suas cidades de origem, e admitir para mim o compromisso social. Quando iniciei a universidade me senti muito pequena e ao mesmo tempo a maior de todos, pois lembrava toda minha história de vida e nessa oportunidade eu estaria trocando “a enxada, o anzol, o machado...” pelos livros, novos conhecimentos e novas experiências, e conhecendo um mundo muito diferente do que vivia antes, a partir desse momento minhas experiências seriam fundamentadas teoricamente e ganharia um novo sentido, esses primeiros passos na academia apontaram-me novos horizontes.

Depois dessa nova visão, passei a entender a importância do meu papel enquanto agente de transformação social e quão grande é minha responsabilidade, pois de acordo Severino, autor que discute questões inerentes à formação do educador, na sua visão é preciso que entendamos:
Que a docência não exaure o campo de atuação do profissional da educação, uma vez que educação não é sinônimo de ensino, pois significa uma intervenção mais abrangente, alcançando outros espaços da vida da sociedade. (p.73).
Assim, eu poderia dizer que enquanto educadora devo assumir como princípio de ação, um compromisso social. Para isso vejo que em minha prática deverei saber a função da escola de hoje, que nos coloca num desafio constante de oferecer oportunidade a todos, trabalhar com a diversidade, e oportunizar desenvolvimento aos alunos com diferentes histórias de vida além de adequação das práticas a novas tecnologias. De acordo com Alexandre Thomaz Vieira, autor que li na disciplina; Métodos e Técnicas do Trabalho Pedagógico, é necessário que como educadores junto à escola, estejamos convictos da necessidade de entender as novas demandas da sociedade, dirigindo o olhar para o padrão de informações, de Tecnologias e Comunicações, que configura o tipo de comunidade informacional com que os indivíduos se relacionam.
Assim, como, educadora nesse novo contexto, preciso renovar minha prática constantemente, de modo que eu esteja sempre indagando sobre o sentido de minhas ações e práticas, devo buscar me envolver em ações colaborativas; em projetos coletivos que melhorem meu envolvimento com a escola e com outros professores, além de proporcionar desenvolvimento ao espaço no qual estiver inserida, buscando construir uma prática teoricamente sólida junto ao saber da experiência.
Aqui vou usar mais uma vez as palavras ditas por Paulo Freire, onde ele diz:
Além dos saberes aprendido na formação inicial, existe saberes que são aprendidos na experiência docente.
São esses conhecimentos que tive a felicidade de aprender na academia, tanto os teóricos quanto saberes práticos, que foram nos oportunizados pelo Estágio de Ensino, nessa relação estabelecida entre teoria e a prática através do estágio, pude compreender como o processo de ensino é dinâmico e como a escola através do ensino pode transformar os sujeitos em cidadãos criativos, responsáveis, flexíveis e prontos a conviverem melhor em sociedade.
Foi pela relação estabelecida entre os conhecimentos da universidade e as experiências vividas como estagiária na escola, que passei adquirir uma visão maior das diferentes realidades que nos é apresentada durante a vida, vejo a importância de considerar que a educação não pode ser vista e tratada como exercício isolado, ou seja, temos que entender que o processo da educação está ligado a todos os fatores que influenciam na vida do sujeito, como os sociais, econômicos, culturais, emocionais etc. Nesse contexto temos que analisar a psicologia ao mesmo tempo em que se pensa a sociedade.
...uma teoria não é conhecimento, ela permite o conhecimento. Uma teoria não é a chegada; é a possibilidade de uma partida. Uma teoria não é uma solução; é a possibilidade de tratar um problema (Morin, 1998).
A universidade abriu-me um leque de oportunidades, aprendizagens e experiências novas, que venho somando, a muitas outras nesse trajeto, entre essas as experiências de dificuldades para alcançar o que eu tanto desejei. De Vila Janarí (Goianésia-do-Pará) a Belém constituiu-me num período de experiências riquíssimas e carregadas de significado para mim, como educadora passei assumir posturas e atitudes diferentes frente aos problemas, além de busca constante de saberes, necessários a minha atuação profissional num contexto de rápidas transformações, nessa atualidade tecnologicamente ativa, requerem de mim uma nova visão de mundo e constantes desafios a serem encarados.
A vida realmente dá voltas, e nessas idas e vindas, nada acontece por acaso. Como discorre Arroyo. A condição de vida está presente em nossas escolhas ou condiciona nossas escolhas. Não escolhemos a profissão que queremos, mas a possível.
(Arroyo, 2000, p.126).
Creio que minha escolha pela Pedagogia emergiu em função de minhas crenças, ideologias e visão de mundo. O contexto social de minha localidade, a imagem sobre o profissional da educação, o envolvimento com a comunidade, com a escola, as raízes adquiridas pelos esforços de meus pais enfim, eu quis por meio dos estudos fazer diferente frente às dificuldades enfrentadas em minha região e em virtude da precariedade do ensino Fundamental e Médio no qual estudei.
A oportunidade do contato com a escola pelo estágio, afirmo com convicção de que realizo um ofício que me satisfaz pessoal e profissionalmente.
Para Passos (2000, p.103) a lembrança do que se viveu faz o sujeito agir de forma determinada, também na tentativa de reverter em aspectos positivos, o que das experiências vividas foi negativo.
Portanto como fala Paulo Freire: 1993 p.59 sobre a consciência do inacabamento, as experiências de estágio, e os saberes adquiridos na universidade caminharão juntos, para que eu encontre um recomeço para constante formação, como uma educadora que sente enorme vontade de melhorar a cada dia para o bem do processo educacional, de si mesmo e principalmente daqueles pelos quais assumi um compromisso.
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